Vivemos, hoje, um momento de profundas transformações nos negócios e na sociedade. Um momento de ruptura dos paradigmas existentes. Possivelmente estamos construindo nesse início de século 21 as bases para uma nova economia, rompendo com padrões do sistema econômico dominante nos últimos séculos e, de forma mais ampla, construindo as bases para uma nova civilização.
Neste contexto está incluído a forma que "vivemos" nossa vida profissional. Quando finalmente as pessoas chegam ao mercado de trabalho, buscam satisfazer suas necessidades de sobrevivência e poder. O resultado é que o emprego ainda é visto por muitos como uma espécie de ‘escravidão assalariada’ ou ‘servidão moderna’ - vende-se força de trabalho por praticamente toda uma vida produtiva, em troca de uma remuneração que garanta a subsistência ou um papel social pautado pelo consumo. Como consequência, vemos ambientes de trabalho corporativos que promovem infelicidade e desengajamento em níveis crônicos.
Em 2005, a empresa de consultoria Towers Perrin conduziu pesquisa com mais de 86 mil funcionários de grandes e médias empresas, em 16 países, e concluiu que 85% dessas pessoas não estavam engajadas com seu trabalho. Diversas outras pesquisas chegam a conclusões similares: a grande maioria das pessoas não é feliz em sua vida profissional.
Organizações do século 21, para atrair e engajar talentos, precisarão estimular as pessoas a atuarem com o que amam, com o que se sentem à vontade, buscando continuamente aprender e superar desafios. Pesquisa do Instituto Gallup aponta que os Millennials (pessoas das chamadas gerações Y e Z) valorizam mais um propósito do que um salário, coaches mais do que chefes, conversas contínuas mais do que feedbacks anuais, vida mais do que emprego.
Inúmeras organizações já têm buscado operar sob essa lógica. A título de exemplo, destacamos a 99 Táxi. A empresa tem como um de seus valores o trabalho com paixão e diversão. Valoriza a intensidade e brilho no olho – porque acredita que “seu trabalho tem o poder de impactar o mundo”. Busca manter um espírito leve e otimista, porque acredita que é “o melhor jeito de enfrentar grandes desafios é com uma atitude positiva”. Acredita também que os funcionários podem ser mais criativos e trabalhar melhor juntos quando estão se divertindo.
Como diz Laszlo Bock, em seu livro sobre o Google, ‘Um novo jeito de trabalhar’: “Tudo o que precisamos é acreditar que as pessoas são essencialmente boas e ter coragem suficiente para tratá-las como donos, em vez de como máquinas. As máquinas executam as tarefas para as quais estão programadas; os donos fazem o que for necessário para garantir o sucesso de suas equipes e empresas”.
As organizações podem fazer várias ações para tornar melhor a qualidade de vida de seus colaboradores. Um exemplo é a flexibilidade, que leva em consideração a entrega de resultados e não a carga horária. Mas é claro, essa é uma iniciativa que também exige autonomia de seus empregados. Exige consciência, responsabilidade e maturidade. É uma relação de confiança que se estabelece entre as pessoas e a organização. Isso traz felicidade para os colaboradores e faz com que eles tenham uma perspectiva diferente da empresa, resultando em mais engajamento. Hoje cada vez mais pessoas buscam no trabalho um propósito de vida, não um emprego. Buscam se dedicar ao que amam e conseguir realização profissional com isso. Trabalho precisa ser visto, portanto, como algo diferente e além do emprego, alinhado com o propósito da empresa e a alma do indivíduo.
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Este conteúdo foi retirado do Livro Exploradores de um Mundo em Transformação, de Leandro Jesus e que participei como um dos coautores. ( Para comprar o livro na Amazon CLIQUE AQUI) Deixe aqui sua opinião e participe de nosso debate neste processo de transição para a Nova Economia do século 21. Obrigado.