Estudar sobre inovação é muito diferente de implementar estratégias de inovação na prática. O saber inicia o processo, mas é na aplicação prática que o aprendizado mais importante se revela.
Não existe uma única fórmula para inovação, nem um case de sucesso de transformação digital ainda em andamento. Já existem sintomas comuns e padrões que se repetem quando o assunto é inovar.
- Projetos de inovação iniciam sem estratégia clara;
- A inovação é adiada ou tratada como um assunto à parte do negócio; - Há baixo investimento no assunto e alto medo de correr riscos, quando o risco maior é permanecer como está; - Os altos executivos sabotam o processo mesmo anunciando apoio por medo de perder posições importantes no negócio e porque desconhecem a nova linguagem do mundo digital; - CEOs delegando o assunto para CIOs, como se fosse algo delegável; - Conflito de ideias e de relacionamento constantes; - Iniciativas avulsas e desconectadas da realidade do negócio; - Líderes com conhecimento insuficiente sobre inovação e estratégia exponencial.
Não existe uma única fórmula para inovação
Muitas empresas já usam as novas tecnologias e naturalmente aparecem novos desafios. Em mais de um caso, o mindset de quem usa essas tecnologias não mudou, e isso faz com que o processo de inovação fique estagnado ou ande em passos lentos demais. A tecnologia sozinha não tem poder de resolver os desafios do negócio.
Há um exagero em torno da Inteligência Artificial, estrela do ano, mas que segundo Claudio Pinhanez, cientista de AI da IBM, ainda tem a capacidade de uma criança de 6 anos, e está longe de resolver todos os problemas do mundo corporativo.
Pouquíssimas pessoas se atentam que são três os níveis de AI: Narrow, que vence humanos em jogos; General, que aprende com humanos; e Super Inteligente, que cria as próprias regras. Estamos indo do nível 1 para 2, então falar sobre robôs que matam humanos ainda é ficção científica.
Para que sua empresa possa inovar, alguns passos básicos talvez sejam importantes. Criamos uma ciranda que tem se mostrado eficaz na prática. Uma pesquisa que já mencionei da Capgemini cita que 62% das pessoas apontam a cultura e a distância da liderança digital do mundo real como as grandes barreiras.
Nos cases com mais chances de sucesso, tudo começa com um despertar coletivo, que cria empatia e entendimento sobre as grandes mudanças do planeta. A segunda etapa é a educação com o repasse de conteúdo futurista estruturado, ensinando profissionais de diferentes níveis sobre as ferramentas e os conceitos do mundo digital.
Só então a aplicação de metodologias de Foresight e Prospectiva Estratégica acontecem para incentivar a criatividade e trazer estrutura para a antecipação do futuro na organização. A fase seguinte é o desenvolvimento de líderes com mindset exponencial não só digital, e com envergadura emocional para transcender a mente e guiar firmemente a transformação dos negócios.
Como consequência, a cultura digital começa a ser construída e os agentes de mudança atuam em sintonia, contagiando os demais colaboradores negócio em torno da adaptação progressiva do negócio para os próximos anos. Labs e startups precisam estar ligados a uma estratégia sólida, não apenas a iniciativas avulsas de curto prazo.
A simples apresentação dos ecossistemas corporativo e de disrupção pode ser conflitante e as novas ideias podem cair em descrédito se não tiverem continuidade.
Segundo Pascal Finette, da Singularity University, para que os negócios migrem do modelo linear para os modelos exponenciais, é preciso criar algo único e valioso que permita interação social, boas experiências que se tornem assunto entre as pessoas. Que tenham fácil acesso, curadoria e customização. Parece fácil, mas não é.
O segredo, talvez seja: seja simples e pequeno no formato mas grande na ousadia. A inteligência criativa pode ser um os maiores fatores de competitividade para qualquer empresa e só isso garantirá a sobrevivência. O novo formato de negócios é enxuto, único, e altamente escalável.
Estudar sobre inovação é muito diferente de implementar estratégias de inovação na prática (Crédito: Shutterstock)
Onde está o seu negócio na régua da inovação?
Na categoria das aventuras, do puro relato de como será o futuro ou na categoria que olha para o médio e longo prazo e dá passos rápidos mas sólidos? Esta é a decisão do momento: onde sua empresa irá apostar suas fichas e como decidirá o futuro que deseja.
Crie bases sólidas para a mudança, garanta estabilidade emocional ao ambiente enquanto ele muda e não pule etapas. Isso pode custar caro e pode significar a morte antecipada do seu negócio.
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Jaqueline Weigel - Futurista, Humanista, Estrategista de Inovação, Instrutora de Liderança Exponencial e CEO da W Futurismo.